A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (FAPERGS) premiou na noite dessa terça-feira (20) os destaques da pesquisa científica gaúcha, no Salão de Convenções da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs). Criado para incentivar a área da ciência e tecnologia, o Prêmio Pesquisador Gaúcho agraciou 10 cientistas que contribuíram para o desenvolvimento estadual.

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Apesar da grave crise financeira estadual, o diretor-presidente da FAPERGS, Abilio Afonso Baeta Neves, afirmou que o momento é da comunidade científica continuar unida, mostrando a importância da pesquisa. "O poder público passa por problemas, mas não podemos esquecer que a pesquisa gaúcha continua forte, é uma das mais importantes do Brasil".

Ele garante que a agência de fomento não vai esmorecer frente à falta de recursos e buscará estabelecer um pacto com a sociedade para atrair as elites políticas e econômicas. "Mesmo que não estejamos em condições de dar as respostas que o setor pede, temos um sistema de graduação e pós-graduação fortes, algumas das melhores universidades do País e da América Latina. Vamos encontrar um modo de sermos mais parceiros desse sistema", ressaltou.

O secretário-adjunto de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia (SDECT), Renato de Oliveira, representou o governador José Ivo Sartori e o titular da pasta, Fábio Branco. Segundo ele, a missão do governo é deixar um marco institucional como legado para a política de ciência e tecnologia. "A realização do prêmio é a mostra de que estamos enfrentando a crise. Nosso maior desafio é criar um modelo de financiamento que sensibilize o empresariado e o faça colocar a ciência em sua agenda política".

Homenagens especiais

Presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) por 11 anos e recentemente empossado na Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (EMBRAPII), em Brasília, o professor Jorge Guimarães recebeu a Medalha Sylvio Torres, concedida a personalidades que contribuíram extraordinariamente para o desenvolvimento científico do Estado.

A condecoração leva o nome do médico veterinário Sylvio Torres, professor da UFRGS reconhecido no Brasil e no exterior pelas pesquisas em microbiologia e parasitologia entre 1950 e 1970. Em 58 anos, publicou dezenas de trabalhos e foi um dos responsáveis pela criação da FAPERGS, em 1964, onde exerceu os cargos de diretor científico e membro do Conselho Superior.

Natural do Rio de Janeiro, Guimarães começou a trabalhar na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) em 1977. "Recebo com grande honra, é uma distinção muito especial, me juntando a tantos outros premiados. Fui pego de surpresa, posso dizer que tenho sorte", contou. Atualmente, ele lidera estudos da lagarta Lonomia obliqua, uma espécie de taturana comum na região Norte do Estado, responsável por ferimentos graves e mortes.

O engenheiro agrônomo João Ruy Jardim Freire foi lembrado pela relevância de seu trabalho na área de ciências agrárias. Falecido em março, aos 92 anos, Freire deixou um legado de contribuições nas áreas de microbiologia do solo e inoculação de soja com rizóbios (bactérias capazes de fixar nitrogênio quando em simbiose com leguminosas). A esposa Alayde Dorneles Freire e os filhos receberam emocionados a placa in memorian.

Além de pesquisadores renomados em sete áreas de conhecimento, a honraria foi concedida a jovens pesquisadores e profissionais que desenvolveram trabalhos alusivos ao tema do Ano Internacional da Luz, decretado pela ONU.

Texto: Gonçalo Valduga
Fotos: Dudu Leal