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Cientistas jovens destacam-se na pesquisa científica gaúcha em 2013

Pesquisadores com idades entre 17 e 25 anos foram os grandes destaques da 3ª edição do Prêmio Pesquisador Gaúcho, promovido pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (Fapergs) na noite desta quarta-feira (22), no salão de eventos da Amrigs, em Porto Alegre. Eles foram premiados por estudos complexos que vão desde a diminuição da poluição em curtumes, o desenvolvimento de software para gerenciamento de motor rotativo de combustão interna, até a criação de aplicativo para a tradução de cardápios nos restaurantes da Capital.

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Neste ano, 15 pessoas de relevante atuação em sete campos do conhecimento e autores de projetos inovadores receberam o troféu. Os nomes foram escolhidos criteriosamente por 14 pesquisadores reconhecidos na comunidade científica estadual. Criado em 1977, ainda sob a alcunha de Prêmio Fapergs, o projeto busca desenvolver as áreas da ciência, tecnologia e inovação do Estado.

Menos poluição

Aos 18 anos, Max Willian da Silva Leidemer e Núbia Mack Duarte tiveram o primeiro reconhecimento da carreira como pesquisadores. Naturais de Estância Velha, eles fizeram o curso técnico em curtimento no Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) do município, localizado no Vale do Rio dos Sinos, um dos pólos econômicos e industriais do Estado. Ambos venceram na categoria Técnico Pesquisador pelo projeto de remoção do nitrogênio amoniacal em curtumes, locais onde se processa o couro cru. Trata-se de uma nova alternativa de remoção do poluente nos efluentes despejados pela indústria coureiro-calçadista no meio ambiente.

Estagiário de uma indústria química em Novo Hamburgo, que produz insumos para curtumes, Max acredita que os jovens são responsáveis por grande parte do crescimento da tecnologia nos últimos anos. “Instigar os estudantes a pesquisar é uma garantia de que, no futuro, continuaremos trazendo novas opções à sociedade, na realidade em que o mundo cada vez mais se baseia em pesquisa e inovação”.

Para Núbia, o projeto trouxe benefícios para o seu futuro profissional. “Além de chamar a atenção das empresas, uma boa pesquisa no currículo traz um maior destaque no mercado”, considerou. Ela contou que “a próxima etapa será sair do laboratório e fazer os testes em curtumes reais”. A pretensão dos dois é contribuir para que o resultado de sua pesquisa vire um produto no mercado em breve.

Tradução de cardápios

Alunas do terceiro ano do Ensino Médio, Juliana Franco da Costa e Laura Oliveira Metz, ambas com 17 anos, foram agraciadas na categoria Jovem Empreendedor. Elas deram os primeiros passos na comunidade científica por meio da Junior Achievement, ONG que estimula o empreendedorismo juvenil. As estudantes são as autoras do Mundi Menu, um site que trará os cardápios de restaurante em línguas como o inglês, espanhol, italiano, japonês e chinês. Com um aplicativo no celular, os turistas poderão acessá-lo do restaurante por meio de um QR code, código de barras em 2D que pode ser escaneado por telefones com câmera fotográfica.

O momento é propício para que o projeto saia do papel. Porto Alegre é uma das cidades-sede da Copa do Mundo de 2014 e receberá cinco jogos – quatro pela primeira fase e o último pelas oitavas-de-final. “Não estamos preparados para receber a quantidade de estrangeiros que virão à Capital”, disse Laura. Juliana criticou o fato de os estabelecimentos terem hoje, “no máximo, um cardápio traduzido para inglês e espanhol”. A ideia, segundo elas, é ampliar a pesquisa e colocar um produto no mercado antes do início do torneio.

O resultado obtido pelo trabalho é motivo de satisfação para Juliana quando se fala em aprendizado. “Mostramos que um grupo organizado é capaz de alcançar bons resultados sem um grande investimento. Não precisa necessariamente ser uma grande empresa”, afirmou, orgulhosa. A pesquisa teve orçamento inicial de R$ 2 mil para a criação do produto.

Motor competitivo

Outro vencedor precoce é o bolsista de iniciação tecnológica Fabrício da Silva Stein, 22 anos, aluno de graduação em Engenharia de Controle e Automação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). O futuro engenheiro foi agraciado na categoria Piá Inovador pelo projeto de desenvolvimento de um software de gerenciamento eletrônico para motor rotativo de combustão interna. Em tempo real, seu sistema gerencia toda a injeção de combustível e ignição, fazendo a leitura do processo por meio de sensores espalhados pelo motor. O programa dará capacidade de competição ao novo motor rotativo em relação a outros estabelecidos no mercado.

Mais jovens pesquisando

A procura de jovens pesquisadores pelo Prêmio Pesquisador Gaúcho aumentou este ano. Além de registrar 26 projetos inscritos, entre pesquisas com candidatos individuais ou em duplas, a categoria Jovem Empreendedor foi criada especialmente com o intuito de qualificar a participação juvenil.

Para a diretora-presidente da Fapergs, Nádya Pesce da Silveira, a alta procura reflete a preocupação da fundação em tornar o vínculo com o jovem mais forte. “Incentivamos o jovem a ter consciência de que a pesquisa é uma atividade interessante e importante para a sociedade”. “O jovem cientista, no início da vida escolar, sabe que é preciso buscar conhecimento para ter uma formação superior mais completa”, acrescentou.

Na avaliação dela, garantir um fomento permanente, oferecendo mais bolsas de iniciação científica, e reconhecer o trabalho dos jovens estimula a formação de futuros cientistas renomados e profissionais das áreas de tecnolocia de ponta. “A realização pessoal e profissional não passa somente pelas questões materiais, mas também pelas intangíveis. Adquirir conhecimento é uma forma de crescer e de poder transmitir conhecimento para outras pessoas, criando novos conceitos, produtos e visões. Esse é um estímulo que sempre deve ser repassado”, completou.

Texto: Gonçalo Valduga

Foto: Dudu Leal/Divulgação